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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

História das Copas do Mundo- 1950- Brasil


Pré-Copa
Assim que a Segunda Guerra Mundial acabou, os dirigentes da FIFA trataram logo de marcar um congresso para retomar a disputa da Copa do Mundo. Em 1946, em Luxemburgo, o Brasil apresentou-se como candidato único, e foi escolhido para sediar a Copa.
A princípio, o mundial estava marcado para 1949. Porém, com as dificuldades num mundo pós-guerra, acabou-se chegando a um acordo de deisputá-lo um ano depois, em 1950.
Neste mesmo congresso, a Taça passa a se chamar Jules Rimet. E fica estabelecido, que a primeira seleção que conseguisse conquistá-la por 3 vezes, teria sua posse definitiva.
Os países britanicos voltaram a integrar a FIFA, assim como a URSS, que teve sua filiação aceita(mas como o projeto dos soviéticos era a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1952, eles não se inscreveram nas eliminatórias).
Em 1948,em novo Congresso, dessa vez realizado em Londres, o Brasil consegue alterar oregulamento de disuta da Copa. Pela primeira e única vez, o campeão seria apontado depois de um quadrangular, onde todos jogariam contra todos.
O Brasil prometeu a cosntrução do maior estádio do mundo. O Maracanã. E prometia também, uma seleção muito forte.
Apesar de tudo, teríamos ausencias importantes. A Alemanha Ocidental(os alemães também estavam suspensos pela FIFA, mas foram anistiados e se recusaram a jogar), por razões óbvias, não poderia jogar o Mundial. Assim como Áustria e Tchecoslováquia. Bélgica, Bulgária, Romenia e Hungria também não. O Japão estava suspenso pela FIFA. E foi assim, com várias desistencias teriam início as eliminatórias. Peru e Equador também desistem. Colombia, com a sua liga pirata, não tem uma seleção e pior, ao contratar os craques argentinos, faz com que os hermanos desistam de participar.
As Eliminatórias
Grupo 1. Este foi o grupo do torneio britanico. Inglaterra e Escócia ficaram em primeiro e segundo lugar, respectivamente, e se classificaram, eliminando País de Gales e Irlanda.
Grupo 2. A Turquia goleou a Síria, por 7x0 e se qualificou.
Grupo 3. Iuguslávia venceu Israel e França e se classificou.
Grupo 4. Suiça derrota Luxemburgo e vem ao Brasil.
Grupo 5. Suécia se garante, ao vencer Irlanda do Norte e Finlandia
Grupo 6. Espanha vence Portugal e se garante no Mundial.
Grupo 7. Com a desistencia da Argentina, Chile e Bolívia estão na Copa
Grupo 8. Uruguai e Paraguai vem ao Brasil, depois da desistencia de Peru e Equador.
Grupo 9. México e Eua eliminam Cuba e carimbam o passaporte.
Grupo 10. Índia se classifica com a suspensão do Japão e as desistencias de Filipinas e Birmania.
Preparativos Finais
Mesmo depois de definidos os 16 classificados, as desistencias continuavam. A Índia, não quis comparecer, pois sua equipe joagava descalça e a FIFA obrigava a jogar o Mundial calçados. A Escócia alegou que não tinha chance e também não veio. A Turquia seguiu o mesmo caminho.
Começava a faltar times. A FIFA convidou Portugal, que agradeceu mas não veio. A França até se propos a vir, mas quando ficou sabendo que jogaria um jogo em Porto Alegre e outro em Recife desistiu, esquecendo-se do quanto fizera o Brasil viajar 12 anos antes.
Somente 13 seleções viriam ao Brasil. E até entre elas havia problemas. A Itália, atual bicampeã, sofreu com um acidente aéreo que matou todo o fantástico time do Torino, base da seleção. Veio enfraquecida.
Os organizadores brasileiros também deram sua pitada para "avacalhar" a Copa. Ao invés de, como na Copa de 30, que também só tinha 13 seleções, sortear-se um grupo com 4 equipes, e 3 com 3, eles preferiram manter o sorteio original, com dois grupos de 4, um de 3 e, incrível, um com apenas 2 equipes.
Enquanto isso, o Brasil ia se concentrando e treinando. O time ficou reunido por quatro meses, a maior parte desse tempo em Araxá, Minas Gerais. O técnico Flávio Costa usou como base o time do Vasco, que era conhecido como "Expresso da Vitória". E sofria duras críticas por isso(a imprensa o achava carioca demais). Os paulistas, reclamavam a ausencia do ponta do Corinthians, Cláudio, que foi substituído pelo vascaíno Alfredo II.
Flávio também gostava de zagueiros duros, que não fossem ao ataque e jogassem sério. Por isso, Nílton Santos, então já o melhor zagueiro pela esquerda do Brasil, ficou no banco de reservas, cedendo seu lugar a Bigode.
Apesar de todos os problemas, a seleção era forte. Tinha Zizinho, Jair, Ademir, Friaça, Barbosa. E tinha o gigante do Maracanã, inaugurado pouco antes da Copa, tinha tudo para intimidar os adversários da seleção. A festa enfim, ia começar.
A Copa
Finalmente, no dia 24 de Junho, começava a quarta Copa do Mundo. Em um Maracanã ainda em obras, o Brasil passeou diante do México, que estreava em seu gol o lendário Carbajal. 4x0 foi pouco. Ademir fez dois, Jair e Baltazar completaram a goleada. A seleção começava bem.
No dia seguinte, o complemento da rodada. Pelo Grupo 1, em Belo Horizonte, a Iuguslávia passou tranquilamente pela Suiça. O primeiro gol, porém, só surgiu aos 15 minutos do segundo tempo. Toamsevic bateu forte, rasteiro, de pé esquerdo. Aos 25, Tomasevic fez um gol que mais paraceia o replay do primeiro. E, aos 30, Mitic(o melhor jogador Iuguslavo) deu brilhante passe para Ognjanov tocar na saída de Stuber.
Pelo Grupo 2, em Curitiba, logo no começo do jogo entre Espanha e Eua, um lance polemico. Basora foi a linha de fundo e cruzou para trás. Igoa chutou, a bola passou no meio das pernas do arqueiro Borghi e entrou. Mas o árbitro brasileiro Mário Vianna não deu o gol. A zebra deu o ar da sua graça aos 17 minutos do primeiro tempo. Aproveitando falha de Inaki, Souza abre o placar para os norte-americanos. Apesar de toda a pressão, a Espanha só consegue chegar ao empate aos 30 minutos da segunda etapa, através de Basora. O goleiro Borghi vai fazendo milagres, mas aos 33, em cruzamento no segundo poste, Basora pega de primeira, sem deixara bola cair e marca. Aos 40, após lançamento longo, Zarra faz o terceiro. A dificuldade encontrada pela Espanha, porém era o prenúncio de que os EUA poderiam aprontar na Copa..
Completando o Grupo, no Maracanã, os ingleses finalmente estreavam em mundiais. Mas quem ataca primeiro é o Chile. Robredo perde duas chances claras de gol. Na base do chuveirinho, Mullen cruza e Mortensen de cabeça, faz 1x0, aos 27 da primeira etapa.No segundo tempo,Mortensen dribla dois e rola para Mannion chutar rasteiro, no canto direito do goleiro. Placar final Inglaterra 2x0 Chile.
Completando os jogos do dia, no Pacaembu, jogaram Suécia e Itália. Svensson já tinha feito grande defesa em finalização de Capello, quando, aos 7, Cappelese abre o placar. Ainda no primeiro tempo, porém a virada sueca. Jepsson entra sozinho pela esquerda e bate cruzado para empatar. Depois, em bola mal rebatida pela defesa italiana, Andersson vira.
Aos 23 do segundo tempo, após bela jogada de Skoglund, novamente Jepsson faz 3x1. A Azzurra ainda desconta com Muccinelli, mas fica nisso, 3x2 Suécia.
No dia 28, o início da segunda rodada. No Pacaembu, jogavam Brasil e Suiça. Para esta partida, Flávio Costa fez quatro alterações. Entraram Bauer, Rui, Noronha e Alfredo. Os tres primeiros jogavam no São Paulo e foram escalados como forma de apaziguar um pouco as críticas de que a seleção era "extremamente carioca".
O fato é que o Brasil jogou muito mal. Logo aos 3 minutos, Friaça dribla o zagueiro e vai a linha de fundo, mas a bola saí. Mesmo assim ,ele cruza, Ademir fura e Alfredo completa para abrir o marcador. Todos no estádio viram que a bola havia saído. Menos o árbitro espanhol Azon. Aos 17, Bickel cruza a bola, Barbosa e Rui ficam assistindo ela passear pela área e Fatton empata. Ainda no primeiro tempo, aos 32, Baltazar faz de cabeça, Brasil 2x1.
No segundo tempo, a seleção joga um futebol sem a menor inspiração e é castigada quando aos 43, Bickel lança Fatton nas costas de Bauer, ele chuta cruzado e empata o jogo. O Brasil deixa o campo sob vaias.
No dia 29, em Porto Alegre, a Iguslávia goleou o México, por 4x1 com gols de Bobek, Cajkovski(2) e Tomasevic contra um de penalti, marcado por Ortiz. Com este resultado, a Iuguslávia jogaria pelo empate, na última rodada, contra o Brasil. O medo de uma eliminação logo na primeira fase, fez com que a seleção fosse ainda mais criticada.
No Maracanã, a Espanha derrota o Chile por 2x0, gols de Basora e Zarra. Mas a partida não foi tão fácil quanto parece. O grande nome do jogo foi o goleiro espanhol Ramallets, que travou e venceu o duelo particular contra o atacante Robledo.
Em Belo Horizonte, no estádio Independencia, acontecia o que é considerado até hoje a maior zabra da história das Copas. O English Team pressionou com seu tradicional chuveirinho, perdeu gols, chutou bolas na trave, enfim, tudo fez menos o gol. Gol esse que a equipe amadora dos EUA conseguiu fazer aos 38 minutos do primeiro tempo, com o descendente de Haitianos Gaetjens, de cabeça. O goleiro Borghi continuou segurando tudo na segunda etapa. E, os presunçosos inventores do futebol caíam de seu cavalo. Perdiam por 1x0.
Dois fatos curiosos marcaram os "bastidores" desta zebra. O autor do gol, lavava pratos nos EUA, e dois anos depois da Copa resolveu voltar ao Haiti. Como ele era fugitivo crminoso, foi assassinado pelo ditador Papa Doc. E o outro, foi que os jornais britanicos, ao receberem a notícia do resultado do jogo, acreditaram ser um erro. E, divulgaram para todo mundo que o placar havia sido Inglaterra 10x 0 EUA e não 1x0 para os norte-americanos. Depois tiveram que consertar a notícia...
Completando a segunda rodada, os atuais campeões olimpícos, os suecos, se classificaram no Grupo 3, ao empatar em 2x2 com o Paraguai, com gols de Sundquist e Palmer contra dois de López.
No dia 1 de Julho, havia apreensão no ar. Um simples empate eliminava o Brasil da Copa. E o adversário era forte. A Iuguslávia era vice-campeã olimpíca. Zizinho, mesmo ainda com dores no joelho, estava de volta. E comandou uma belíssima apresentação da seleção.
Logo aos 4 minutos, Maneco acha Ademir que fuzila o goleiro Mrkusic e abre o placar. Vale ressaltar que o time iuguslavo jogou, por praticamente 20 minutos, com 10 jogadores, pois o craque do time, Mitic, abriu a cabeça ao bater numa lampada a caminho do campo. Ainda no primeiro tempo, Zizinho tem um gol mal anulado pelo árbitro gales, Griffiths.
Aos 24 mintuos da segunda etapa, Zizinho bate cruzado e garantiu a classificação brasileira. O alívio era geral. a seleção havia jogado bem.
No dia 2, apenas para cumprir tabela, a Suiça venceu o México por 2x1, com gols de Bader, Tamini e Casarin descontando.
Em Recife, o Chile goleava os EUA, por 5x2. Robledo e Riera fizeram 2x0, mas Wallace descontou ainda no primeiro tempo. Maca empatou o jogo, logo aos 3 minutos da etapa derradeira, mas depois só deu a equipe sul-americana. Prieto e Cremaschi(2) completaram o marcador.
Enquanto isso, no Maracanã, a Fúria Espanhola despachava de vez a Inglaterra, com um gol marcado por Zarra. Os inventores do futebol estavam eliminados e humilhados...
No Pacaembu, a Itália se despediu honrosamente ao derrotar o Paraguai, por 2x0. Com gols de Capellese e Pandoltini.
E, finalmente, entrava em campo, o Grupo 4. Formado por apenas duas seleções. Teve apenas essa partida. Na verdade, não houve jogo, foi um massacre. O Uruguai detonou a Bolívia por sonoros 8x0. O primeiro tempo acabou 4x0, com gols de Miguez(2), Vidal e Schiaffino. Há um ditado que diz que se qutro vira, oito termina. E foi assim mesmo que aconteceu. De novo Schiaffino, Perez, Gigghia e mais um de Miguez deram números finais ao massacre.
A Fase Final
Pela primeira e única vez na história dos Mundiais, os quatro classificados disputariam um turno final, com todos jogando contra todos.
A primeira rodada aconteceu dia 9 de Junho. No Pacaembu, Gigghia abriu o placar para a Celeste Olimpíca, diante da Espanha. Mas Basora, marcou duas vezes e virou o placar ainda no primeiro tempo. Apenas a 15 minutos do fim da partida, Obdúlio Varela conseguiu o tento de empate.
No Maracanã, diante de mais de 150.000 pessoas, o Brasil deu um show. Após intensa pressão, aos 17 minutos, Jair serve Ademir, que chuta e faz 1x0. Aos 36, novamente Ademir toca na saída do goleiro 2x0. Aos 39, Chico dá um corte seco no zagueiro e faz 3x0
O show continuou depois do intervalo. Logo aos 7, Ademir bateu forte e fez 4x0. Aos 13, O mesmo Ademir passou pelos zagueiros e fez 5x0. Andersson , de penalti, desconta para uma atonita Suécia, aos 22. Aos 40, Maneca aproveita cruzamento na segunda trave e marca o sexto. E, para terminar o chocolate, Chico faz mais um, aos 43. Final, Brasil 7x1 Suécia. A confiança na seleção era total...
No dia 13 de Julho, a segunda rodada foi disputada. No Pacaembu, a zaga uruguaia falha e Palmer domina para chutar alto, sem defesa para Máspoli, logo aos 5 minutos. Jepsson acerta o travessão da Celeste. Os suecos era melhores na partida. Aos 39, porém, um golaço. Gigghia corta para o meio e acerta uma bomba no angulo de Svensson. 1x1. Os uruguaios não tiveram nem tempo para comemorar. Na saída de bola, nova falha da zaga e Sudqvist faz 2x1.
Na segunda etapa, o Uruguai vem com tudo para cima. Svensson vai salvando o bombardeio até onde pode. Mas, aos 32, Miguez empata a partida. Aos 40, Svensson sai mal num cruzamento, a bola para Júlio Perez que cruza para Miguez marcar o gol da vitória. 3x2.
No Maracanã, mais um show brasileiro. Logo aos 2 minutos, Chico perde boa oportunidade. A Espanha responde com Zarra, que sozinho, chuta para fora. Aos 15, Ademir deriva da esquerda para o meio e chuta, a bola bate em Parra e entra. Aos 21, Jair começa a jogada no meio de campo e vai carregando a bola, sem ser importunado. Na entrada da área, ele bate e faz o segundo. Aos 31, Chico passa por dois marcadores e chuta prensado. A bola sobra para Ademir, que também é travado na hora da finalização. A pelota, entretanto, volta a se oferecer a Chico que marca 3x0. Na comemoração, Chico é atingido por um foguete lançado pela torcida brasileira e fica fora de campo, sendo atendido por quase 10minutos.
No segundo tempo, mais do mesmo. Aos 10, Ademir ganha do zagueiro e só rola para Chico fazer 4x0. Dois minutos depois, Ademir marca o quinto gol. Então, as mais de 160.000 pessoas no estádio começam a acenar para os espanhóis com lenços brancos, entoando a famosa marchinha "Touradas de Madrid". Um espetáculo arrepiante, que se ouve ao fundo da narração da Rádio Nacional. Aos 22, Zizinho aproveita bola mal rebatida pela zaga e marca o sexto. Aos 25, Bigode escorrega e Basora quase marca. Seria um prenúncio do que estava por vir...Aos 26, bela jogada de Basora pela direita e, Igoa, em impedimento(o offisde fica claro ao se ver as imagens do especial Espana en Brasil) faz lindo de gol de voleio.
No restante da partida, o Brasil apenas tocou a bola. Foi uma atuação soberba e que credenciava a seleção a jogar apenas pelo empate contra o Uruguai, para se sagrar campeão Mundial de futebol.
A terceira rodada foi disputada no dia 16 de Junho, no Pacaembu, a Suécia venceu a Espanha, por 3x1. Com gols de Sundqvist, Melberg e Palmer com Telmo descontando e termina a Copa na terceira colocação.
Brasil x Uruguai-Antes do Jogo
Para atender aos mais diversos interesses políticos(afinal era ano de eleição e todos queriam se beneficiar da conquista da seleção), foi decidido que a equipe deixaria a tranquilidade da concentração na Estrada do Joá(calma e praticamente inacessível para pessoas de fora)para São Januário. A justificativa era ficar mais perto do calor do jogo.
Só que ao invés de ficarem concentrados na partida, os jogadores tinham que assistir inúmeros discursos de políticos. Com isso, seus horários de refeição, descanso a até mesmo de treino foram alterados e o foco não ficou na partida decisiva. Vale lembrar que um mes antes da Copa, o Brasil havia enfrentado o Uruguai, pela Copa Rio Branco, e haviam sido duas partidas duríssimas, vencidas pelos brasileiros por 3x2(Ademir, Juán González contra e Chico, com Vilamide e Nílton Santos contra descontando) e 1x0(Ademir). Portanto, todos sabiam que a partida seria difícil.
Além dos políticos, a torcida e a imprensa já faziam o clima de oba-oba total. Para eles, o Brasil já era o campeão do mundo, sendo a partida contra os uruguaios, uma mera formalidade.
Pelo lado da Celeste, na manhã da partida, seu capitão, Obdúlio Varela, foi andar por Copacabana quando se deparou com um jornal que colocava como manchete da primeira página a foto dos jogadores brasileiros com os seguintes dizeres "Estes são os novos campeões do Mundo de futebol".
Varela comprou todos os exemplares das bancas pelas quais passou. Voltou ao hotel, espalhou o jornal pelo chão do banheiro(naquela época o banheiro era coletivo, um por andar e não individual), chamou seus companheiros e, aos berros, bradou,-"Para eles, já estamos derrotados. Vamos mostra que não estamos mortos. Agora mijem neles!". Foi com esse espírito que eles chegaram ao Maracanã.
Brasil x Uruguai- A partida
A partida começa equielibrada. As mais de 200.000 pessoas presentes ao Maracanã esperam uma nova goleada e show brasileiro. Mas não é isso que acontece.
O Brasil parece nervoso. Erra mais passes do que o habitual. O Uruguai consegue travar a seleção e leva perigo, quase sempre pela direita, onde Gigghia leva vantagem sobre Bigode e a falta de cobertura de Juvenal.
Ademir chuta duas vezes para defesas de Máspoli. Aos 16, Gigghia toca para Schaiffino que perde boa oportunidade. Aos 21, novamente Ademir, desta vez de cabeça, obriga o goleiro uruguaio a mais uma defesa. Aos 35, Miguez chuta de longe e a bola explode na trave de Barbosa. Aos 42, Ademir perde mais uma chance. O primeiro tempo chega ao fim, equilibrado.
Logo no recomeço da partida, Friaça abre o marcador para o Brasil. Obdúlio Varela reclama com o árbitro(nem ele sabia o que estava reclamando, confessou depois, o que ele realmente queria era esfriar o time e a torcida). O Uruguai cresce. Chico e Gambeta se desentendem. Aos 12, Schiaffino perde boa chance. A torcida começa a se calar. A goleada e o show, não vem.
Aos 20, Júlio Perez lança Gigghia que ganha de Bigode e cruza para Schiaffino empatar a partida. A torcida se cala de vez. Ouvem-se então os gritos cada vez mais altos de Obdúlio Varela. E consegue-se "ouvir" o silencio dos assustados jogadores brasileiros.
Aos 34, novamente a jogada se repete, Júlio Perez lança Gigghia, que vence Bigode na corrida. Juvenal não chega para a cobertura e o ponta-direita vai avançando. Barbosa pensa que ele irá repetir a jogada do primeiro gol e dá um passo a frente, para cortar o cruzamento. Ledo engano, Gigghia bate rasteiro, forte, entre a trave e o arqueiro brasileiro. Era o gol da virada uruguaia.
A partir daí, o Brasil se lança ao ataque, mas cede mais espaços para o contra-ataque da Celeste. Aos 41, Ademir perde um gol da marca do penalti.
O jogo chega ao fim. O Uruguai era bicampeão mundial de futebol. Os jogadores brasileiros choram e, até erram o vestiário pelo qual deveriam descer. Jules Rimet, que abandonara as tribunas de honra ainda com a partida empatada, chega ao gramado, certo que iria entregar a Taça para o capitão brasileiro. Leva um susto, e até sente-se constrangido em entregá-la para Obdúlio Varela, que, a esta altura, já não berra mais. Já estava sem voz, exausto, mas satiseito por ter liderado seu time a um triunfo que parecia impossível.
Para a seleção brasileira, ficaria mais uma lição, que só seria aprendida de verdade, oito anos depois. Foi esta também, a última partida do Brasil com a camisa branca, aposentada depois do Maracanazzo, sobre alegação que dava azar. A camisa amarela, a "canarinho" seria a nova vestimenta de uma seleção marcada pela infeliz derrota, na tarde de 16 de Junho de 1950...

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